sexta-feira, 16 de julho de 2010
Tic Tac
Uma, duas, quatro, seis horas. A personagem acorda. Seu sonho se torna pesadelo ao encarar os dígitos do relógio. Pode ser mais um dia bom da semana, talvez o primeiro.
A ordem do dia já se digita em seu inconsciente. Tarefa um: tomar banho em 10 minutos. Depois, lanchar por 5 e começar o trabalho em 50. Voltar para casa em 12 horas.
Hoje em dia o ser humano já não pode reclamar de solidão. Já nasce com um amigo, o relógio. Podem ocorrer brigas, ciúmes, controles, mas o relógio nunca abandona, nunca desiste.
Pega-se o ônibus pelo seu número, calcula-se o tempo de chegada e sonha-se com a hora da volta. Há corridas no tempo de almoço e prolongamentos no tempo de fofocas. A vida é uma programação. Faz-se necessária a faixa da diversão, a da família, a da informação e a da ação.
Tudo se agenda, os prazos causam medo. Pensa-se longe, lá no futuro, mas apenas cumpre-se a ordem do dia. Talvez todos tenham um alvo a alcançar, um tesouro lá na frente. Na linha de chegada é o tempo quem vence.
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